quarta-feira, setembro 15, 2010

Triste ensino o de hoje...

“Uma das coisas que com mais alegria recordo dos meus tempos de escola é a simplicidade. Qualquer que fosse o ensino, primário, preparatório ou secundário, havia um sistema justo e garantido, que nos dava sentimentos específicos e que, na sua leveza, era justo e rigoroso.

Quando sentia acabar as intermináveis férias de Verão, quando se vestia o primeiro casaco no Outono, quando se fazia fila na papelaria local para comprar os livros que já não podíamos usar dos irmãos, tudo começava a fazer sentido e ir para a escola era algo natural, que me fazia sentir útil, completo e entusiasmado pela ideia de rever a minha namorada da escola (será que a beijo ou não, depois das férias), o pessoal da bola, do basket, da música. Eu gostava muito de estudar, em especial no 11º e 12º ano.

Esse gosto também provinha de um entendimento claro e objectivo do que ia fazer para a escola. Os alunos tinham poder. Ou para nos educar e elevar; ou, com as devidas consequências, fazer gazeta, pintar a manta e orgulhosamente chumbar, porque se andou a curtir.

Lamento que o destino da Escola, desde que fui para a Universidade em 1992/1993, tenha sido progressivamente entregue a tecnocratas, políticos, sindicatos, e todos eles tenham feito da escola um novelo que nenhum agora consegue deslindar. As regras são herméticas, os programas caóticos, a definição de competências um acidente fatal.

Tenho pena que a escola seja apenas um dado estatístico/politico e não aquilo que faz a diferença da educação e do futuro. Tenho saudades de quando passavam os bons ou os aplicados e chumbavam os maus e os gazeiteiros.

Chamem-me ingénuo mas acho que até o clima conspira contra os alunos, que sentindo o calor de Setembro, deixam-se ficar pela praia, na falta da meia estação que os trazia à cidade. Tenho saudades da segurança que a escola dava, alheia a guerras e questões pessoais. A escola sempre foi simples, não percebo a complicação actual dos termos, objectivos e análises. Gostaria que houvesse um retorno às origens, pré-PGA.”

Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell

2 comentários:

AS_05 disse...

Só acrescento uma coisa!!!!
O que é ser professor nas escolas de hoje?

POC disse...

É ser uma espécie de saco de encher... No fundo, que sentido faz a escola? Quais são os frutos que se retiram daquilo a que não podemos chamar ensino? Sim, porque ensino é algo que quem tenta praticar, acaba internado numa camisa de forças, espancado num hospital, ou sem qualquer descernimento mental...

Se calhar era bom reflectir sobre... vir ao terreno, e passar não só umas horas a inaugurar qualquer pavilhão ou edificio, mas viver de alguma forma a triste realidade como que nos deparamos, as dificuldades, insultos, desrespeitos...

Ser professor...? Uma boa questão a ser colocada...