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Porque é Verão, estamos cansados da rotina e queremos ter molas nos pés como os «militantes» do parkour. Queremos saltar de prédio em prédio, de telhados para terraços. Queremos que salte por onde lhe der na gana e não tenha medo de se pendurar de pernas para o ar ou de tentar chegar à Lua. Por­que, bolas!, basta de acharmos que precisamos de andar di­reitinhos e certinhos, sempre rasteirinhos à terra, para que os outros gostem de nós, nos dêem a sua aprovação ou não nos excluam das suas brincadeiras. Basta de sentir que não nos po­demos distrair nem por um minuto, da «gestão» da vida de fi­lhos, pais e amigos, porque senão o «sistema» pode desabar, (…) Para não falar no caos que suspei­tamos se instalaria lá na repartição se um dia não ocupásse­mos aquela cadeira... Mas que se lixe a lei da gravidade – quem é que disse que se nos atrevêssemos a saltar mais alto estávamos destinados a espalhar-nos no chão? E quantas ve­zes consolámos a nossa cobardia com a história do tonto do Ícaro, como se o infeliz das asas de cera não fosse desmentido de cada vez que um Boeing deixa rasto no azul do céu? Te­mos mais é de nos pendurar pelas pernas, como as preguiças, para ver o mundo por um ângulo novo. Ou simplesmente pa­ra deixar o corpo esvoaçar ao vento, livre de ideias feitas, constatando a cada balouço que o planeta continua a girar, mesmo quando paramos de o empurrar. Uf, não virá mal ne­nhum ao mundo se sairmos do palco por um bocadinho e des­cansarmos à sombra da azinheira. Se pararmos de espernear por fora e nos entretivermos a arrumar a cabeça por dentro.

Isabel Stilwell, notícias magazine